Jardins
- Marta Gaino

- 24 de abr. de 2004
- 1 min de leitura
Há 10 anos eu tinha um jardim, que era o mais bonito e mais bem cuidado do lugar. Que regava, limpava e admirava sempre, porque refletia o que sentia por mim, pela minha casa e pela minha família. Hoje esse jardim está abandonado; não tem mais flores, a grama já quase morreu por completo, o mato está tomando conta e as árvores, que antes eram esperança de sombra no futuro, tornaram o ambiente lúgubre, com suas folhas mortas no chão. Os canteiros se desfizeram e as pedras estão espalhadas por todo terreno. A grande árvore que plantei e deixei crescer à vontade, agora abriga morcegos à noite. O jardim desconfigurou-se assim como eu. É preciso trocar a terra, a grama, plantar outras flores, fazer de novo.
Estou construindo uma nova casa, com um novo jardim. Uma casa maior, com quartos individuais e salas suficientes para que cada um fique só, se quiser. O jardim, porém, será menor, com menos grama e mais pedras, pouco verde para não dar trabalho e manter a aparência de novo e limpo, assim como eu: – Por fora bela viola, por dentro pão bolorento. É mais fácil construir outro, em outro lugar, do que tentar arrumar este. O custo é menor, dói menos, sem esforço físico e emocional. O mesmo paralelo para outros cantos de minha vida.

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