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Hino

Quando criança, estudante de escola pública durante a ditadura na década de 60, em nossa rotina matinal estavam o canto de hinos.

Fazíamos fila por classe, entravamos em forma posicionando-nos a um braço da criança da frente e a outro da criança do lado, cantávamos sempre o Hino Nacional e algum outro conforme a época. Podia ser da Bandeira, da Proclamação da República ou canções como da Força Aérea, Exército, Marinha, da Liberdade, do Expedicionário…


Hinos não faltavam! E enquanto muitas crianças resmungavam e reclamavam daquela chatice eu simplesmente adorava, não sei por quê! Desde que me lembro, a letra do Hino Nacional entrou em mim como poesia, por isso talvez conseguisse ver a beleza, delicadeza e lirismo do arranjo daquelas palavras. Como traduzir ao mesmo tempo o equilíbrio frágil da natureza e a força do povo?  Muito para a cabeça de uma criança, eu apenas gostava, e só.

Hoje, procurando por explicações sobre a complexidade das palavras encontrei essa citação extraída do site em referência que trás, de certo modo, o que gostaria de dizer sobre nosso hino.


O Hino Nacional Brasileiro, considerado um dos mais líricos do mundo foi composto por Francisco Manuel da Silva, provavelmente em 1831. Durante a monarquia foi adotado por consenso popular e não por ato oficial, sendo oficializado depois da proclamação da República pelo Decreto nº 171 de 20 de janeiro de 1890. A letra de Joaquim Osório Duque Estrada, escrita em 1909, foi adotada oficialmente, com pequenas modificações efetuadas pelo próprio autor, na véspera do centenário da independência do Brasil pelo Decreto nº 15.671, assinado pelo Presidente da República Epitácio Pessoa. O lirismo abstrato do Hino Nacional reúne poesia e música como símbolo da nação brasileira… http://www.cncp.org.br/secao.108,materia.566.aspx


Em outros sites existem até movimentos de atualização e simplificação da letra para o português brasileiro de nossa época, como se o responsável por muitos não conhecerem ou não saberem cantar corretamente nosso hino fosse a erudição do poema. Ora, desde quando as coisas melhoram quando se retira a qualidade do original?


Essa necessidade que alguns tem de simplificar, mastigar e ruminar os assuntos para que o povo entenda é um dos fatores que faz com que ao longo do tempo nossa cultura tenha produzido tantas obras vazias de conteúdo, para ficar no politicamente correto(!).

Penso justamente o contrário: se existe dificuldade de entendimento da letra, que explique-se, compare-se, esclareça-se ao povo, que certamente alcançará e entenderá a grandeza da intenção do poeta.


A poesia é livre para seguir seu curso como foi originariamente escrita, não se pode mutilá-la à gosto pelo caminho para que seja deglutida com maior facilidade… Não! … É a degustação interna na mente que faz com ela alcance seu destino final  – o coração. Ainda sobre o hino, encontrei outro site* que vale a pena ser visitado pois conta a história da música, da letra e circunstâncias em que nosso hino foi oficializado, além de um estudo sobre as palavras e seus significados descrito num ensaio do professor Alvacyr Pedrinha. Para maiores esclarecimentos, pegue um dicionário e faça sua própria pesquisa, cada um sabe o que procura.


Disso tudo resulta que cada vez que ouço ou canto nosso Hino Nacional enche-me o peito de força, bravura e esperança de que, para que tudo dê certo, é preciso que ajamos em nosso próprio tempo. Esse é o poder da poesia!

Na minha apresentação no dia 05/06/2009 perguntaram-me se estava nervosa, agora posso responder que não. Estava  emocionada. Durante o único ensaio que fiz com Luciano Prado, o músico que me acompanhou, ele pediu que eu cantasse livremente para que pudesse entender como eu gostaria de interpretar o Hino, a partir daí fez um arranjo que considerei perfeito pois traduziu meu sentimento de beleza, emoção e embevecimento pela poesia. Pediu que eu ficasse numa região mais grave para que fosse  confortável para o público, por isso às vezes parece que canto em falsete , mas na realidade esse é que é o meu tom soprano original.


A apresentação foi muito mais carregada de emoção do que o ensaio, portanto fugiu um pouco do que está reproduzido nesta página.

Ouça minha interpretação e comente. Gostaria de saber sua opinião.



Marta

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