Paixão
- Marta Gaino

- 19 de mai. de 1998
- 2 min de leitura
Quando a inspiração chega é melhor a gente dar atenção à ela e escrever logo. Esta mensagem deve ter vindo à mim por algum motivo que eu ainda não descobri, se vocês tiverem uma pista, por favor se manifestem, receber respostas é tão gratificante quanto enviar mensagens.
É como se fosse uma flor, Vermelha, carnuda e suculenta, Polpuda como o abricó de macaco, Que toda vez que pressentia a presença de seu jardineiro, Tentava mostrar um ângulo novo para apreciação, Um aroma novo, que ele ainda não havia sentido, Uma coloração nova no entremeio de suas pétalas, Um motivo a mais para a sua volta, Com a água bendita, Com as palavras de carinho e admiração Que faziam seu vermelho ficar mais vivo, Suas pétalas mais macias, Seu aroma mais perfumado. Oh! Doce inocência, Quanto tempo dura a vida de uma flor? Por quanto tempo pode ela usufruir da exclusividade de sua posição no jardim? Se ao seu lado desabrocham tantas outras, De mais fácil admiração, de mais fácil colheita, De mais fácil semeadura. Por mais bela que seja, ser uma abricó de macaco É saber-se de difícil acesso. Seu admirador tem de ser persistente, Tem que ter certeza de seus objetivos, Tem que saber onde procurar, e acima de tudo Tem de saber entender essa beleza, O seu toque aveludado, O seu tamanho exagerado. O que será melhor e mais fácil para o jardineiro, senão cuidar de sua planta, até que ela possa desabrochar sozinha, e poder seguir adiante em seu jardim, cuidando de tantas outras, sem privilégios e preferências? O que dói tanto na flor, senão a sensação de ter perdido seu guardião e protetor, seu amigo e admirador, seu perfume e sua cor? Resta ainda o vento que com seu sopro macio embala o abricó, em seus sonhos de amor.



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