Como pigmaleão
- Marta Gaino

- 23 de nov. de 1998
- 2 min de leitura
Deve ser animal, Deve ser instintivo Essa sensação de falta Esse sentimento de perda Esse querer mais Saber que não é seu, mas que está a disposição, oferecendo, tentando, fazendo gostar!
Se pudesse como Pigmaleão, Juntar os pedaços, Unir o que há de bom, o que nos agrada, num só molde, numa só forma. Bela aos olhos, Sensível ao toque Animada pelo nosso sopro Fonte eterna e infinita de prazer
Beber dessa água sagrada Que nos enche e nos faz soar Feito instrumento raro Feito cordas produzindo som Aquele para o qual foram feitas
Amor é esse tocar sagrado Amar é esse sentir de dimensões divinas Que nascem em você e se espalham Fazendo vibrar o ar Espalhando o cheiro, os suores, os fluídos
Amor é esse entregar-se com confiança É o transportar-se para dentro do ser amado E sentir lá o seu pulsar E ver com os seus olhos Com os seus sentidos Reconhecer seus pensamentos
Amar assim é entregar-se à vida sem restrições, sem medos Eu não tenho esse amor, queria mas não o tenho O amor que tenho é calmo, é certo Amadureceu junto com o tempo Se transformou. Em que? Resta saber
Saber antes que eu esqueça de mim Antes que perca o passo Antes que amargue o fracasso Antes que esqueça como começou, Como estou, quem sou Um amor que aglutine mas não anule seus amantes
O que é isso então? Essa melancolia, essa dor Esse não sei o que. Essa paz inerte que amorna Que entedia Essa análise sem graça da vida Que não colore, que não respira
Esse querer outra vida, outra visão Outro cheiro, outra mão Essa vontade de dissolução, De querer dissolver-se no espaço, perder-se no tempo E retornar atrás, refazer tudo, escolher de novo
De novo Pigmaleão Agora juntando o que foi bom Tecendo nova rede Arriscando a aprender a viver!



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